Assistência estudantil na FURG
O
presente trabalho é resultado de um estágio desenvolvido dentro da ênfase de
Psicologia dos Processos Educativos e Desenvolvimento Humano do curso de
Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. O trabalho foi
realizado dentro no âmbito da Psicologia Educacional/ Escolar, no Núcleo de
Assistência Estudantil da FURG (NAE – FURG).
Inicialmente,
será realizada a descrição do local de estágio, baseada nas percepções da estagiária
e em coleta de informações. A seguir, será feito o relato das atividades
desenvolvidas entre o período de abril de 2013 e janeiro de 2014. Por fim,
realizar-se-á uma correlação entre a teoria e a prática. Também será feito um
relato de caso.
Descrição do local de
estágio
O Núcleo de Assistência Estudantil (NAE)
localizava-se junto ao prédio do Centro de Convivência da FURG. Era um órgão
vinculado a Pró Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE – FURG) e tinha como
objetivos:
- Acompanhar os estudantes contemplados nos subprogramas de alimentação, transporte e moradia;
- Realizar pesquisas de perfil socioeconômico-cultural;
- Fazer o acompanhamento e orientação pedagógica;
- Encaminhar os estudantes ao atendimento médico e odontológico;
- Promover atividades de socialização;
- Participar da organização da recepção aos calouros;
- Atender os estudantes dando apoio psicológico, bem como encaminhar ao SIAP, CONVIVER e CENPRE;
- Elaborar parecer psicológico e participar da organização da Mostra Cultural dos Estudantes da FURG (projeto da SUPEST).*
Para prestar tais serviços aos estudantes, o
NAE contava com uma equipe de 3 assistentes sociais, 1 pedagoga, 1 psicóloga, 4
estagiários de Psicologia e 1 estagiária do Serviço Social. Em meados de maio, houve a desinstitucionalização
do NAE devido à transferência da psicóloga local para o Centro de Atendimento
Psicológico (CAP – FURG). O convite foi feito a ela pelo coordenador do CAP,
com o intuito de que os acolhimentos psicológicos fossem realizados no prédio da Psicologia, uma
vez que este oferece melhor infra-estrutura para o atendimento dos alunos.
O NAE, antes de sua desinstitucionalização,
contava com um espaço pequeno, com poucas condições de atender às necessidades
dos estudantes. Os acolhimentos psicológicos, por exemplo, eram realizados em
um espaço que não garantia o sigilo das informações, o que causava preocupação
nos profissionais que ali atuavam. Já no CAP, os acolhimentos são feitos em
salas de atendimento apropriadas para o contexto.
Após a extinção do NAE, os profissionais do
Núcleo ficaram vinculados à Pró Reitoria de Assuntos Estudantis, enquanto a
psicóloga e seus 4 estagiários de Psicologia foram atuar junto ao CAP, conforme
já foi dito anteriormente. Ou seja, todos os serviços – exceto os de
acolhimento psicológico – ficaram por conta da PRAE.
A PRAE tem por objetivo desenvolver “atividades
que tenham por base a formação acadêmica ampla, construída através de 3 eixos
de atuação: assistência básica, integração universitária, formação para a cidadania
e apoio a formação acadêmica e profissional”.** Mesmo após a
desinstitucionalização do NAE, é importante falar dos eixos norteadores do
trabalho da PRAE, já que a psicóloga local ainda tem vinculo com a Pró
Reitoria.
Relato das atividades desenvolvidas
Este estágio teve como objetivo principal
realizar acolhimentos psicológicos de estudantes universitários da FURG, uma
vez que esta era a principal demanda da supervisora local. Como os estagiários
estavam ali para ajudá-la nas principais tarefas, acabaram também fazendo
acolhimentos psicológicos. Além dos atendimentos, foi oferecida uma oficina sobre
processos cognitivos de aprendizagem aos estudantes. Ademais, foi montado um
blog intitulado “Mural do Universitário”, com orientações acadêmicas aos estudantes.
Houve também participação no projeto “Bem-viver na CEU”, voltado a prestar
orientações aos moradores da casa dos estudantes.
Quanto aos acolhimentos psicológicos, foram
contabilizados 21 desde o início até o término do estágio; nove estudantes foram
acolhidos no total. Dentre as queixas principais estavam: mudança de curso,
questões afetivas, dificuldades de adaptação, saudade da família, sobrecarga de
trabalho, depressão e uma procura que foi “apenas por curiosidade”. Dentre as 9
procuras, 3 foram relativas a mudança de curso e à orientação profissional.
A primeira estudante que procurou acolhimento
parecia bem decidida a trocar de curso; estava precisando apenas de uma
confirmação para sua incerteza. Pensou-se em aplicar um teste vocacional, mas
ela foi apenas a dois acolhimentos e não voltou mais. O segundo relatou que
tinha ido por curiosidade; foi uma vez e não voltou. A terceira procurou o
serviço por questões amorosas; compareceu a 4 acolhimentos e quer voltar para
fazer terapia. A quarta estudante acolhida foi a 4 atendimentos; aplicou-se o
AIP – teste relativo a interesses profissionais – devido a sua vontade de mudar
de curso; deseja voltar para fazer terapia. Também foi aplicado o AIP ao quinto
acolhido, que tinha dúvidas quanto à escolha de seu curso; compareceu a 4
acolhimentos e foi encaminhado a uma psicóloga que possui convênio com a FURG.
A sexta acolhida procurou o serviço devido à sobrecarga de trabalho; foi a 4
atendimentos e pretende continuar fazendo terapia no CAP com a mesma pessoa que
a acolheu. As acolhidas subseqüentes procuraram auxílio devido a problemas de
adaptação e à saudade da família, pois ambas não eram do Rio Grande. Ainda
houve o caso de uma pessoa depressiva que procurou o serviço; fez-se um
acolhimento e encaminhou-se para a psicóloga local, pois era um caso um pouco
mais grave. Vale ressaltar que são realizados no máximo 5 acolhimentos para que
o processo de acolhimento não se transforme em psicoterapia.
No que tange à confecção do blog, foram
escritos textos relacionados a temáticas de provável interesse de estudantes
universitários: um, dava dicas sobre como aprimorar a escrita, e foi intitulado
“A arte de escrever”; o outro falava sobre como “livrar-se” da ansiedade em
apresentações de trabalho. O blog teve 309 acessos desde junho de 2013 até os
dias atuais. Já a oficina “Processos Cognitivos da aprendizagem” foi ministrada
no curso sobre “Gestão de tempo” promovido pela PRAE. Ambas as atividades estão
relacionadas ao papel que psicólogo escolar deve desenvolver dentro da
universidade, que é o de prestar orientações aos alunos.
Além dessas 3 atividades, houve a participação
no Projeto “Bem viver na CEU”, cujo objetivo era “sensibilizar os moradores das
casas do estudante quanto à importância da promoção da saúde e prevenção de
doenças por meio de orientações prestadas através de uma equipe
interdisciplinar e participação dos acadêmicos da área da saúde residentes na
CEU.”*** Para divulgação do projeto, foram espalhados cartazes pelo campus da
universidade e os estudantes das casas foram avisados acerca do horário, do
local e das temáticas dos encontros. Um dos assuntos abordados foram as Doenças
Sexualmente Transmissíveis; os estudantes das 3 casas da FURG se uniram para
assistir uma palestra sobre o tema. Além deste, foram realizados outros
encontros. Todas estas atividades fazem parte da Assistência Estudantil
prestada pela FURG a seus estudantes.
Correlação teórico-prática
De acordo com Gonçalves e Pozobon (2008), “a
entrada na universidade submete os alunos a múltiplos estressores que, de uma
forma ou outra, afetam diretamente sua vida acadêmica, gerando um baixo
rendimento” (p.23). Daí, a importância de ter-se nas universidades serviços de
assistência estudantil, a fim de que o aluno receba auxílio em suas
dificuldades acadêmicas e pessoais.
No primeiro semestre do ano de 2005, foi
realizado um levantamento sóciodemográfico de 95 alunos que procuraram o Ânima
- Núcleo de Apoio ao Estudante da Universidade Federal de Santa Maria.
Conclui-se que, de uma amostra de 95 alunos, 34 procuraram ajuda por serem
portadores de algum transtorno psiquiátrico, 16 desejavam uma orientação
vocacional, outros 16 por dificuldade de relacionamento com o (a) namorado(a),
15 por motivos familiares, 15 por insegurança, 7 por problemas
psicopedagógicos, outros 7 por inibição e mais 7 por outros motivos não
especificados (GONÇALVES & POZOBON, 2008). A partir destes dados,
percebe-se a diversidade de problemáticas que acometem os estudantes
universitários que procuram assistência psicológica nas universidades.
Interrelacionando os dados da UFSM com a pequena amostra de 21 alunos da FURG,
percebe-se algo em comum: o número considerável de alunos que buscam
assistência psicológica a procura de uma orientação vocacional. Logo, nota-se a
necessidade de desenvolver projetos que abarquem as necessidades de escolha ou
re-escolha profissional destes estudantes.
Embora a assistência estudantil seja um
serviço imprescindível nas universidades, percebe-se “pouco empenho na
efetivação e fomento de políticas públicas de assistência psicológica ao corpo
discente, o que leva a crer na pouca atenção dispensada à saúde mental desses
alunos (GONÇALVES & POZOBON, 2008;p.23). Também são escassas as publicações
com referência a este tema.
Portanto, vale falar aqui a respeito dos
objetivos e das vicissitudes dos acolhimentos psicológicos que acontecem na
FURG. O que é feito não é terapia, e sim um aconselhamento psicológico, com o
intuito de prestar orientações pontuais acerca da queixa principal e fazer um
fortalecimento de ego. Segundo May (2009), “é função do aconselhador levar o
aconselhando a aceitar a responsabilidade pela direção e pelos resultados de sua
vida”, bem como “auxiliar o aconselhando a achar o seu si - mesmo verdadeiro e
então ajudá-lo a ter coragem de ser esse si mesmo”. “Entender as pessoas: este
é o papel do aconselhador (p.106)”.
O aconselhador deve ter uma atenção flutuante,
ou seja, estar atento a tudo o que ocorre com a pessoa: sua postura, seus
gestos corporais, a contração de seu dedos... pois tudo são expressões de
estados mentais internos (MAY, 2009). Para que haja êxito no processo de
aconselhamento, é preciso que o aconselhador empatize com o aconselhando e com
este construa um bom vínculo.
De acordo com Pichon-Riviére (1991), o vínculo
“é a maneira particular pela qual cada indivíduo se relaciona com os outros,
criando uma estrutura particular a cada caso e a cada momento” (p.24). “O
vínculo é sempre um vínculo social, mesmo sendo com uma só pessoa; através da
relação com esta pessoa repete-se uma história de vínculos determinados, em um
tempo e em espaços determinados” (p.49). Isto significa que, por meio do tipo
de vínculo que o aconselhando estabelece com o aconselhador, é possível ter uma
noção da estrutura de sua personalidade e de como se dão as relações com as
pessoas de seu cotidiano.
Por exemplo: “No centro do vínculo depressivo,
encontra-se a aflição moral, a culpa e a expiação. É um vínculo que se
caracteriza pelo fato de toda relação de objeto estar colocada no campo da
culpa, na preocupação com o que o outro pensa e na maneira pela qual o outro
irá aplicar o castigo” (PICHON-RIVIÉRE, 1991; p.31).
No processo de aconselhamento, ocorrem
situações semelhantes às que acontecem em terapia. “O psicoterapeuta deve
recolher, elaborar e compreender o material que observa e, em seguida,
devolvê-lo em forma de interpretação” (PICHON-RIVIÉRE, 1991; p.99). Da mesma
forma, acontece no aconselhamento psicológico, onde o aconselhador emite uma
interpretação de acordo com o que se observou na sessão e em consenso com seus
conhecimentos teóricos.
Segundo May (2009), “o aconselhador procura
dar às pessoas coragem de viver, procura ajudá-las a superar os pequenos
temores, o medo de encontrar pessoas, o medo de se apaixonar, as ansiedades que
podem assaltá-la ao começar um novo emprego” (p.166). Por conseguinte, “o
objetivo do aconselhador é dar às pessoas que vêm a ele com o ânimo abatido um
lâmpejo das grandes possibilidades de no futuro serem felizes e realizadas” (MAY,
2009; p.166).
Ademais, é preciso ter uma escuta atenta:
“ouvir objetivamente, ajudando o aconselhando a confessar a ‘ventilar’ aspectos
do problema. Em segundo lugar, auxiliar o aconselhando a compreender as fontes
mais profundas da personalidade, de onde surge o problema. Em terceiro,
salientar as relações que proporcionarão ao aconselhando uma nova compreensão
de si mesmo e que irão capacitá-los a resolver o problema por si mesmo”
(MAY, 2009). Ou seja, o papel do aconselhador é potencializar o indivíduo para
que este resolva seus problemas por si só.
Quando alguém procura atendimento e
encontra-se em sofrimento psíquico – que é a maioria dos casos – vale lembrar
que o sofrimento é o sinal de que há algum desajuste na personalidade que está
provocando desadaptação do sujeito no ambiente em que ele vive. De acordo com
May (2009), “o sofrimento é o método empregado pela natureza para acusar uma
atitude equivocada, ou uma forma errada de comportamento, e para a pessoa
objetiva e não egocêntrica, todo momento de sofrimento é uma chance de
crescimento. Nesse sentido, podemos estar ‘contentes por sermos neuróticos’,
contando que saibamos utilizar o sofrimento”(p.132). Portanto, o papel do
aconselhador é ressignificar o momento de sofrimento e avistar nele uma
possibilidade de mudança construtiva da personalidade.
A busca da espontaneidade e da integridade
devem ser levadas em conta em um processo de aconselhamento, uma vez que “a
espontaneidade é considerada uma virtude porque indica que o indivíduo integrou
os níveis mais profundos de suas personalidade”. Já “a integridade é outra
característica da pessoa que aprendeu a autoexpressão saudável. Integridade significa
falar e viver das profundezas da personalidade” (MAY, 2009; p.164). Portanto,
estes dois aspectos devem ser buscados ao longo do processo e, quando tornam-se
presentes, são considerados indicadores de saúde mental.
No acolhimento ou aconselhamento psicológico,
– aqui ambos são tratados como sinônimos - a
posição que o sujeito ocupa em seu âmbito familiar é um elemento importante
para a compreensão de sua personalidade
(MAY,2009). O papel que o indivíduo exerce dentro de sua família reflete muito
quais são suas atitudes perante as diversas situações da vida, uma vez que
tende a reproduzir este papel nas demais relações de objeto.
No que tange às peculiaridades do processo de
aconselhamento, May (2009) afirma que o estágio central da entrevista é a
confissão do aconselhando, que possui um valor catártico em si mesma. Depois,
há o estágio da interpretação. Ao aconselhador, cabe a função de fazer
perguntas que auxiliem o individuo a falar sobre seu problema real. “A atitude
do aconselhador deve ser de calma objetiva, baseado no fato de que nada que é
humano é estranho, ou indigno de compreensão” (MAY, 2009; p.120). Segundo o
autor citado anteriormente, o tempo ideal de duração de uma entrevista é de uma
hora.
Ao compreender-se o problema que o
aconselhando traz ao atendimento, acontece uma transformação de sua
personalidade, uma vez que há a expansão da capacidade criativa do mesmo por
meio desta ressignificação (MAY, 2009; p.128). É importante ressaltar que no
processo de aconselhamento não há um questionamento moral, já que o problema
deve ser abordado como uma questão de saúde mental (MAY, 2009; p.156). Em suma,
o objetivo do aconselhamento deve ser relacionar o sofrimento do sujeito aos
aspectos neuróticos de sua personalidade (MAY, 2009; p.135). Logo, pretende-se
promover insights na relação “terapêutica” que auxiliem o indivíduo a
identificar seus problemas e oferecer-lhes alternativas construtivas para lidar
as questões de sua vida.
Um relato de caso
A seguir, será descrito o caso de uma moça de
26 anos, chamada Aline****, que buscou o serviço de acolhimento psicológico da
FURG. Sua queixa inicial era sobrecarga de trabalho. Trabalhava em um emprego
que lhe exigia muita carga horária e dedicação, além de participar de mais 2
projetos vinculados a universidade e ainda freqüentar às aulas à noite. O que
se fez inicialmente foi ouvir suas queixas e deixar claro que ela não estava em
um processo terapêutico, e sim em um acolhimento psicológico. O que se pode
fazer em tal processo é conceder orientações acerca de como ela pode agir
diante de tantas tarefas e tentar baixar seu nível de ansiedade. Para isso, foi
fornecido a aconselhanda uma tabela para ela organizar seus horários e se
questionou se não seria melhor ela parar com alguma atividade, a fim de que ela
conseguisse realizar bem suas tarefas, além de ter maior qualidade de vida.
No segundo encontro, pareceu que estava bem
melhor; encontrava-se menos chorosa e sua aparência estava mais vivaz. Diz que
pensou na possibilidade de largar um projeto e de negociar com seu chefe seus
horários no emprego. Relata que se sentiu bem mais aliviada depois do primeiro
encontro. Preencheu a tabela com seus horários e diz que foi bom, pois
visualizou toda a sua rotina e conseguiu se organizar melhor. Fez cópias da
tabela para poder se monitorar semanalmente.
No terceiro encontro retoma alguns aspectos do
início do acolhimento. Fala sobre sua cirurgia bariátrica e diz que passou por
um procedimento rigoroso de avaliação feito por várias profissionais até fazer
a operação. Percebe-se que há uma baixa autoestima ligada a sua imagem
corporal. Antes da cirurgia, não gostava-se por ser muito gordinha e, a
posteriori, não se valoriza por ter pele flácida e estrias. A aconselhadora
disse a ela que a Aline era muito mais do que suas estrias e sua flacidez; foi
dito que ela era dotada de um excelente poder de retórica, além de ser bonita e
simpática; que tinha qualidade e que deveria valorizar-se por isso.
Trabalhou-se, aqui, com reforço positivo para dar uma força de ego à
aconselhanda.
Depois de um mês – houve um recesso devido ao
final de ano – ela volta e diz que largou o seu emprego. Relata sentir-se um
pouco mais calma e com mais tempo para as atividades da faculdade. Fala sobre
as dificuldades de morar na casa do estudante e também sobre seu casamento e
seu processo de separação. Discorre acerca da relação com a sua família e cita
uma situação na qual se sente culpada, por não ter deixado sua irmã morar com
ela num momento em que esta necessitava. Diz que sua religião não permitia
devido ao comportamento da irmã. Segundo Freud (2012), “a raiz da ilusão
religiosa é a nostalgia do pai, que retorna sob a figura do pai morto,
inicialmente como totem, depois como os deuses e finalmente na figura abstrata
de Deus” (p.29). Especulações à parte, percebe-se uma culpa grande relacionada às
suas atitudes do passado. Sente-se culpada também pela hiperfagia que a tornou
obesa. Apresenta um nível de ansiedade considerável, o que pode ter contribuído
para que comesse bastante e, então, engordasse.
Em suma, cumpriu-se o objetivo do
aconselhamento, que é dar suporte e orientações para que a pessoa saiba lidar
com seus problemas. Questões emocionais, como a culpa e a ansiedade apresentada
pela aconselhanda serão tratadas em um processo de psicoterapia, pois ela
continuará em acompanhamento no CAP, sob responsabilidade de uma estagiária de
Psicologia Clínica, a mesma pessoa que realizou seu acolhimento psicológico.
Considerações finais
Por meio deste trabalho pode-se perceber a
importância que possui a assistência estudantil em uma universidade. As
atividades desenvolvidas beneficiaram os estudantes das mais diversas formas:
através de uma oficina, por meio da construção de um blog e, principalmente,
através dos acolhimentos psicológicos. Além disso, os aconselhamentos serviram
como “porta de entrada” para o serviço de Psicologia Clínica da FURG, uma vez
que, algumas pessoas que foram acolhidas, continuaram em terapia.
Entretanto, a área de assistência estudantil
carece de publicações (GONÇALVES & POZOBON, 2008). É preciso que haja
fomento à divulgação destes serviços, bem como incentivo à criação de políticas
públicas de assistência psicológica ao corpo discente. É necessário que se
invista na saúde mental dos estudantes universitários, uma vez que estes serão
os profissionais do futuro.
***Frase de Marcilene Valadão, estagiária do
Serviço Social no NAE.
****Nome fictício dado à aconselhanda para
preservar o sigilo das informações.
Referências Bibliográficas
Freud, S. (2012). O Futuro de uma ilusão.
Porto Alegre, L&PM Pocket.
Gonçalves, G; Pozobon,L. Atendimento
psicológico a estudantes universitários: relato de experiência no Ânima. In:
Kullmann, G.; Pozobon, L.; Domingues, R.; Mello, S. (Orgs.)(2008). Apoio estudantil: reflexões sobre o ingresso e
permanência no ensino superior. Santa Maria, Editora da UFSM.
May, R. (2009). A arte do aconselhamento
psicológico. Petrópolis, Vozes.
Pichon-Rivière, E. (1991). Teoria do
vínculo. 4ª Ed. São Paulo, Martins Fontes.
Autora: Viviane Peter Casser
CRP: 07/24449
Autora: Viviane Peter Casser
CRP: 07/24449
Comentários
Postar um comentário