Felicidade: tudo o que desejamos


O que todos nós queremos da vida? O que esperamos ter dela? O que gostamos, o que almejamos? Afinal,  oque pretendemos? Isto tudo é muito subjetivo e pode ter inúmeras respostas, visto que varia muito de pessoa para pessoa. Cada um gosta de coisas distintas, tem desejos e planos peculiares, dependendo de vários fatores: do tipo de vida que leva, do seu conhecimento de mundo, de suas vivências e de outras várias circunstâncias presentes em suas vidas. Entretanto, é pertinente dizer que não existem pessoas, situações ou momentos perfeitos para alguém, mas o que realmente existe são coisas ideais para cada tipo de pessoa diferente. 

Então, o que é agradável para um pode ser desagradável para outro. Isso ocorre devido a personalidade discrepante de cada ser humano. Determinadas coisas se "encaixam" melhor à personalidade de uma pessoa do que de outra. Cada um possui gostos peculiares, e isso é indiscutível. Para um pode ser ideal ficar em casa assistindo a um filme ou lendo um livro, ao passo que para outros pode ser sair, ir pra balada, pro boteco ou pra qualquer outro tipo de esbórnia. Ideal pode ser ir ao litoral no verão para uns e para outros ir ao campo; do mesmo modo que algumas pessoas preferem o dia para pôr em prática suas atividades e as demais sentem-se melhor ao fazê-las à noite. Também podemos citar gostos musicais, e mencionar que alguns gostam de pagode, outros curtem rock n'roll, alguns reggae e bossa nova, dentre muitos e muitos ritmos.

Enfim, poderia citar inúmeros e infindáveis exemplos. Todavia, não quero me estender demasiadamente na retórica. O que realmente gostaria de dizer, através deste singelo "ponta pé inicial", é que todos nós buscamos aquilo que nos dá prazer e tudo o que fazemos é em busca de um bem supremo. A finalidade de tudo o que fazemos é a tão sonhada e venerada felicidade. Todos os desejos, anseios, ilusões, sonhos, pretensões, objetivos... enfim, tudo o que queremos conquistar através da realização de nossas metas é a nossa felicidade; tudo o que fazemos é em busca deste bem precioso, que é universal. Afinal, independentemente de idade, gênero, etnia, o que todos nós queremos é ser felizes. Diria que a felicidade é o único bem comum ao qual todos almejam. Como já disse anteriormente, "coisas diferentes" deixam pessoas felizes. O que traz felicidade para um, pode não trazer para outro; isso tudo é muito relativo. Mas, enfim, ninguém deseja nada além de felicidade nesta vida.

Não obstante, o que todos queremos é uma receita padrão para sermos felizes. Muitos buscam isso em livros de autoajuda, outros através de conselhos de amigos ou de profissionais que lidem com esse "bem supremo universal", como é o caso dos psicólogos, por exemplo. Quando alguém vai ao consultório de algum deles é porque não está sentindo-se pleno, realizado, feliz... há algo em suas vidas que está o impedindo de ser feliz. Ou seja, quando alguém consulta um psicólogo vai em busca de resolução de problemas, para que ,assim, encontre a tão sonhada felicidade. Portanto, uma das principais funções do psicólogo não é dar a "receita pronta para a felicidade"  - que não existe - ,mas sim ajudar ajudar cada um a encontrar a felicidade dentro de si, auxiliar as pessoas a se autoconhecerem, a fim de descobrirem de fato quem são e o que desejam.

Mas, afinal, o que pode proporcionar felicidade aos homens de um modo geral? Ora, é isso que Aristóteles, "clássico" filósofo grego abordou em sua obra "Ética a Nicômaco", a qual foi dividida em X livros. Em cada um deles foi pautado um aspecto diferente, porém todos relacionados à felicidade. 

À princípio, Aristóteles escreve sobre  oque vem a ser um bem: é tudo aquilo que queremos e que julgamos que nos trará um bem maior: a felicidade Tudo aquilo que nos dará prazer, que fará bem à nossa mente e ao nosso "coração". E tudo isso conseguimos através da "atividade da alma", dos nossos hábitos, e , principalmente, das nossas virtudes. Segundo este brilhante filósofo, virtudes são todas as disposições de espírito louváveis, que subdividem-se em virtudes intelectuais e virtudes morais.

Um dos fatores que contribui para que o homem alcance sua realização (felicidade) é ter conhecimento do que faz, ou seja, ter sabedoria, a fim de discernir coisas boas de coisas ruins; fazer só o que julgar bom a si e aos outros. 

'Toda ação, toda a ciência e toda arte visam a um bem". Isso é bem verdade! A finalidade é atingível por meio da ação, bem como acontece nas ciências e nas artes. Todo cientista faz observações, formula hipóteses, faz testes, passa horas em laboratório pesquisando, documenta sua pesquisa e publica a fim de conseguir melhorias e bens para a humanidade e, também,  visando "alimentar seu ego" (muitas vezes). Todo artista recita versos, faz poesias, pinta belos quadros também com o intuito de ver que é capaz de produzir obras magníficas. O artista geralmente "transforma" seus sentimentos e emoções em objetos esplêndidos, os quais muitas vezes passam para a história da humanidade.

Nossas virtudes manifestam-se por nossos atos e ações, por tudo o que fazemos em nossas vidas. O segredo está não no que fazemos, mas sim de que forma fazemos. E a forma mais correta de fazermos é aplicar o meio termo a nossas ações. Isso é bem abordado no livro, visto que o autor dedica vários capítulos às muitas virtudes inerentes ao homem bom, e diz que em todas elas estão presentes o meio termo. Para ser mais sucinta, toda virtude requer uma mediania.

O homem temperante (ou continente) é aquele que faz as coisas certas, faz aquilo que deve fazer no momento certo. Todo ser temperante é, consequentemente, virtuoso, digno de honra e nobre. Além disso, todo homem continente utiliza o princípio da razão em suas atitudes.
Ao longo da obra, são citadas várias virtudes do homem temperante, bem como seus respectivos excessos e deficiências que, de alguma maneira, vem a causar certo sofrimento no ser humano. 
"Ética a Nicômaco" é uma obra que vale a pena...

Autora: Viviane Peter Casser
CRP: 07/24449

Comentários

  1. Velho Tema I

    Vicente de Carvalho


    Só a leve esperança, em toda a vida,
    Disfarça a pena de viver, mais nada;
    Nem é mais a existência, resumida,
    Que uma grande esperança malograda.

    O eterno sonho da alma desterrada
    Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
    É uma hora feliz, sempre adiada
    E que não chega nunca em toda a vida.

    Essa felicidade que supomos,
    Árvore milagrosa que sonhamos
    Toda arreada de dourados pomos,

    Existe, sim: mas nós não a alcançamos
    Porque está sempre apenas onde a pomos
    E nunca a pomos onde nós estamos.

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